A Fundação
Os Arquitectos
A Documentação
Património Edificado
Investigação
Edições
Conferências
Colóquios
Exposições
Cursos
Visitas Guiadas
Viagens Culturais
Outras iniciativas
Gravações vídeo
Podcasts
Newsletter
Contactos
Loja
Destaques
Carrinho de Compras
Arquivo digital
Catálogo bibliográfico
facebook
facebook
Viagens « voltar às obras


Marques da Silva, Apontamentos de viagem, 1911.


Apesar da conhecida ligação de José Marques da Silva a Paris e à cultura francesa, mantida ao longo de toda a sua vida e actividade profissional, foram várias as viagens realizadas pelo arquitecto através da Europa. Essas viagens revelaram-se momentos verdadeiramente fundamentais e marcaram fortemente alguns dos seus projectos, senão mesmo toda a sua produção arquitectónica.
Entre 1908 e 1931 Marques da Silva realizou, ao todo, sete viagens durante as quais produziu inúmeros registos escritos e registos gráficos de grande valor para conhecer um lado mais intimista do processo de concepção de cada obra. Uma constante presente em todas elas, com a excepção da de 1908 e 1922, era o facto de o arquitecto aproveitar a realização de exposições e congressos de arquitectura para viajar, eventos que o faziam sempre prolongar a estadia no tempo e no lugar. Fala-se sobretudo das viagens de 1911, ano em que Marques da Silva se deslocou a Itália para visitar a Esposizione Internazionale del Industria e del Laboro, em Turim, e o Congresso Internazionale degli Architetti, em Roma; de 1913 e a ida à Bélgica para visitar, em Gand, a Exposition Universelle et Industrielle; de 1925, ano em que regressou de novo a Paris, onde se realizou a Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes, que visitou; de 1929 e da visita à Exposición Ibero-Americana, de Sevilha, e à Exposición Internacional, de Barcelona; e, por último, a viagem de 1931, ano no qual Marques da Silva está de novo em Paris com o objectivo principal de visitar a Exposition Coloniale Internationale
Para Marques da Silva, a viagem é sobretudo uma forma de estudo e uma oportunidade de reunir material de trabalho, valioso também como colecção particular. Relacionada quase sempre com o acto de projectar, a viagem era para o arquitecto um modo de imaginar o projecto. Partia, na maior parte das vezes, à procura de soluções e edifícios semelhantes aos que projectava, num processo que poderia durar anos, como no caso do Teatro de S. João. De facto, todos os seus registos de viagem não são tão somente um instrumento de pensar o projecto – mas sim são já projectar. Registou muitas vezes na memória, mais do que no papel, materializando o visível e o observável que utilizou, por vezes de forma inconsciente, no processo criativo. Trabalhou manipulando a memória, como exemplarmente no projecto para a Casa de Serralves, para a Avenida das Nações Aliadas ou para a Estação de S. Bento, onde as imagens retidas em viagem foram invocadas e adaptadas a uma nova realidade e solução.
Marques da Silva, o arquitecto, viajou em direcção ao futuro para conhecer e, fundamentalmente, trazer para a sua cidade de origem as novidades e os melhores exemplos construídos na Europa, como é o caso da viagem de 25 e da visita à exposição das artes decorativas. Marques da Silva, o professor, viajou para trazer os melhores métodos, as melhores técnicas e os melhores modelos educativos como orientação para a prática do ensino na Escola do Porto.

Irina Costa Miranda

Arquitecta, FAUP

Bibliografia de referência:

CARDOSO, António, O Arquitecto José Marques da Silva e a Arquitectura no Norte do País na primeira metade do século XX, Porto, Faup-publicações, 1997.

MIRANDA, Irina Costa, José Marques da Silva: da viagem ao projecto, Dissertação de Mestrado integrado em Arquitectura [policopiado, orientador Rui Jorge Garcia Ramos], Porto, FAUP, 2011.

 

© fundação instituto arquitecto josé marques da silva / uporto / design: studio andrew howard / programação: webprodz