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Mobiliário « voltar às obras


Marques da Silva, Estudo para o mobiliário da Associação Comercial do Porto, s.d.

 

Primeiro projeto 1893
Último projeto documentado 1912

 

Marques da Silva, ao longo da sua formação e percurso enquanto arquiteto, completou-se como artista em diversoas áreas, nomeadamente na do mobiliário, fazendo-o com grande distinção, apesar de se tratar de uma realidade pouco conhecida do grande público. Sendo o mobiliário, no entanto, uma prática comum dos arquitetos do seu tempo, esta sua aptidão merece destaque pela capacidade e individualidade na forma de ver o espaço como um todo, integrando-o no exercício da arquitetura.
Durante a sua formação em Paris dedicou-se ao desenho com rigor e os concursos, as exposições e ateliers que frequentou prepararam-no e inspiraram-no nos diversos campos artísticos, como seja o das Artes Decorativas. A realidade e ambiência burguesas, muito presentes em todo o trabalho que viria a realizar, sobretudo, na cidade do Porto, transparecem, por exemplo, no concurso de Emulação, com o tema Uma Sala de Jantar de Verão, mas o primeiro trabalho projetual a poder ser integrado na categoria de mobiliário data de 1893 e refere-se a um banco corrido para uma igreja paroquial, proposto como tema no Concurso de Emulação para a cadeira de Teoria da Arquitetura.
Após o seu regresso ao Porto, os vários projetos de mobiliário realizados podem ser agrupados em subcategorias, em função do local a que se destinam: os de cunho público/institucional, para o Teatro Nacional de S. João, que combina arquitetura e mobiliário da sua autoria, para a Associação Comercial do Porto e para o Teatro Apolo da Brejoeira, em Monção; e os de cunho doméstico/privado, como é o caso do Palacete Lopes Martins, do Palácio da Brejoeira, da Casa Ramos Pinto & Irmão, da Moradia José Domingues de Oliveira e da Casa Leopoldo Mourão, sendo de destacar que algumas das obras citadas, até ao momento de autoria desconhecida, foram identificadas, demonstrando assim a extensão e diversidade do trabalho de Marques da Silva. Para além destes exemplares existem outros por identificar, alguns de cunho religioso, ainda a carecer de uma sistematização mais rigorosa, e outros efémeros.
O seu mobiliário revela a valorização do aparato e do conforto desejados pela nova burguesia: canapés; mesas de chá; cadeiras de conforto; mesas, aparadores, louceiros, credências, entre muitas outras tipologias, ricamente ornamentadas, com elementos retirados dos mais variados estilos, de linhas sólidas, em evidente afinidade com os traços caracterizadores da sua arquitectura.
Os desenhos atualmente preservados na Fundação Marques da Silva, memória e prova do talento do arquiteto nesta área artística, oferecem uma perspetiva mais íntima de conhececimento dos projetos, permitindo-nos não somente identificar autorias como entrever o processo criativo, que nos ultrapassa apenas pela observação das obras acabadas. O rigor e as determinações dos encomendadores tendem a inibir a transparência do espírito do artista, algo que a documentação existente sobre a experiência em atelier nos pode desvendar. Entre rascunhos, estudos e projetos finais, maioritariamente realizados a grafite, tinta-da-china e aguarela sobre papel, nos desenhos encontrados podem assinalar-se exemplos soltos de cadeiras, mesas, ou projetos de conjuntos mobiliários para um mesmo espaço, e na sua maioria com várias versões do mesmo, apresentando, alguns deles, uma planta de exposição. Grande parte dos desenhos foram identificados através do confronto com os exemplares executados, caso dos bancos para o Salão Árabe do Palácio da Bolsa, mas, devido à extensão e complexidade do espólio, uma pequena percentagem continua por identificar justificando o interesse de novas abordagens.

Andreia Soares
Mestre em História da Arte Portuguesa

 

Bibliografia de referência:

CARDOSO, António – O Arquitecto José Marques da Silva e a Arquitectura no Norte do País na primeira metade do séc.XX. Porto: FAUP publicações, 2ªedição, 1997
SOARES, Andreia Sofia da Rocha - Estudos de História do Mobiliário em Portugal: Os projectos do Arquitecto Marques da Silva para a Associação Comercial do Porto. Dissertação de Mestrado em História da Arte Portuguesa [policopiado, orientador Celso Francisco dos Santos]. Porto: FLUP, 2011

  • Marques da Silva, Estudo para o mobiliário da Sala de Pedra do Palácio da Brejoeira, c. 1912
  • Marques da Silva, Estudo para poltrona da Casa Ramos Pinto & Irmãos, 1902
  • Marques da Silva, Estudo para banco destinado ao Salão Árabe da Associação Comercial do Porto, 1906
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