A Fundação
Os Arquitectos
A Documentação
Património Edificado
Investigação
Edições
Conferências
Colóquios
Exposições
Cursos
Visitas Guiadas
Viagens Culturais
Outras iniciativas
Gravações vídeo
Podcasts
Newsletter
Contactos
Loja
Destaques
Carrinho de Compras
Arquivo digital
Catálogo bibliográfico
facebook
facebook
Casa Atelier Marques da Silva « voltar às obras

 
Estudo para fachadas lateral e frontal, 1909

Início do projecto 1909

Quando um arquitecto projecta para si próprio, distante dos conflitos de gosto e dos compromissos de outros clientes, tem a possibilidade de manipular com uma segurança mais operativa algumas questões centrais da arquitectura. A casa do arquitecto transforma-se assim, não apenas no espelho das suas convicções sociais, mas também um momento de manifesto disciplinar. E, quando à casa se associa o atelier, a obra transforma-se no exemplo onde o arquitecto recebe os clientes, uma espécie de mostruário em directo da sua competência.
Na Casa Atelier, a convivência regrada e ambígua com o palacete Lopes Martins é a primeira demonstração perceptível, provocando a presença de uma nova escala doméstica nas formas urbanas da Praça do Marquês. Essa domesticidade é explícita assim que se ultrapassa a porta da casa, num hall com dimensões suficientemente generosas para se transformar numa sala de estar, com lareira, escadas cenográficas e aberturas amplas para o exterior.
No piso inferior estava instalado o atelier, com um circuito de ligação de serviço independente do serviço do piso superior, onde estavam instalados os quartos e os espaços mais reservados da habitação. O que a Casa Atelier demonstra com uma eficácia contundente, é a origem doméstica da prática dos arquitectos da Escola do Porto. O atelier, com acesso independente da casa para os colaboradores (através de uma pequena porta de serviço), está literalmente instalado no vão da escada e não tem porta para receber clientes. Essa ausência significa que o cliente de Marques da Silva habita a casa, é recebido no hall, no piso nobre e a dois passos da sala de jantar.
De um ponto de vista formal, a Casa Atelier é uma demonstração de virtuosismos e habilidades técnicas. Marques da Silva usou lajes mistas de madeira e betão armado, pedras de dimensões colossais em varandas, beirados recortados e saltitantes para exprimir um jogo volumétrico intenso. As várias soluções reforçam a expressão da materialidade do granito, evocando formalmente um eventual estilo românico, cujas formas eram da predilecção de Marques da Silva.

José Marques da Silva habitou este espaço sensivelmente entre 1914 e meados da década de 40, altura em que se transfere para o Palacete Lopes Martins, edificação contígua à moradia que passa para sua propriedade Aí virá a falecer em 6 de junho de 1947.

Já sob gestão da Fundação Marques da Silva, foi projetada a reabilitação da Casa-Atelier em dois momentos: em 2009,  recuperação de fachadas, caixilharias e coberturas, e em 2013  a reabilitação dos espaços interiores.

 

Consultar Arquivo Digital



Bibliografia de referência
CARDOSO, António, O arquitecto José Marques da Silva e a arquitectura no Norte do País na primeira metade do séc. XX, Porto, Faup-publicações, 1997, pp. 536-539.
VASCONCELOS, Domingas, A Praça do Marquês de Pombal na Cidade do Porto, das suas origens até à construção da Igreja da Senhora da Conceição, Porto, Faup-publicações, 2008, pp. 117-118.

Localização
Porto, Praça Marquês do Pombal, 44
Google Map

© fundação instituto arquitecto josé marques da silva / uporto / design: studio andrew howard / programação: webprodz