Grandes Armazéns Nascimento, fotografia de Teófilo Rêgo, 1953
Início do projecto 1914
Data de início da obra 1916
Data da Inauguração 1927
Os Armazéns Nascimento eram uma importante firma de mobiliário que, no início do século XX e seguindo as lógicas da produção industrial, abasteciam a cidade do Porto e a região Norte do país com peças que ocupavam progressivamente o lugar da antiga produção artesanal.
Em 1914, após uma viagem conjunta com António Nascimento à Europa central, Marques da Silva iniciou o projecto do edifício, que ganhou uma forma referida directamente às experiências dos grandes armazéns de Paris: a espacialidade interior explora transparências e perspectivas visuais capazes de cenografar os objectos de consumo.
A localização do edifício, no ângulo das ruas Passos Manuel com Santa Catarina, oferecia ao edifício uma posição urbana privilegiada para expor a ordem monumental de um grande arco, solução que Marques da Silva já tinha ensaiado em vários projectos anteriores. Trata-se de uma estratégia de projecto que procura, em edifícios construídos na ordem contínua de um plano de fachadas de rua, provocar o sobressalto de uma monumentalidade original. A duplicação do arco, contudo, não deixa de provocar uma grande ambiguidade formal, como se fosse possível tornar banal a monumentalidade.
Outro aspecto significativo do edifício é a utilização da ossatura de betão armado como sistema construtivo de base, sistema cuja sofisticação estrutural abre caminho aos dispositivos espaciais interiores e ao apuramento dos recursos formais exteriores. Abandonar as estruturas construtivas mistas em pedra e madeira ou pedra e ferro permitiu, com eficácia, ampliar a gama de espessuras dos pilares e vigas, oferecendo ao arquitecto os recursos necessários para explorar a expressividade das formas.
Entre o programa funcional reflexo de uma nova era de trocas comerciais massificadas, a adopção de um sistema construtivo em franca ascensão e o compromisso entre as novidades e as práticas de desenho e projecto da tradição académica, os Armazéns Nascimento ensaiam uma síntese impossível e constituíram-se como uma obra estruturante da história da arquitectura portuguesa. Com o declínio da firma Nascimento a partir dos anos 40, a instalação do café Palladium nos anos 70, e profunda alteração que destruiu a integridade do edifico no início dos anos 90, o que hoje se observa no lugar difere substancialmente daquilo que foi o edifício original.
Grandes Armazéns Nascimento, pormenor de interior, fotografia de Teófilo Rêgo, 1953
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Bibliografia de referência
CARDOSO, António, O arquitecto José Marques da Silva e a arquitectura no Norte do País na primeira metade do séc. XX, Porto, Faup-publicações, 1997, pp. 296-307.
Localização
Porto, Rua de Stª Catarina, 563 / Rua Passos Manuel
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