Sistema de Informação José Manuel Soares

José Manuel Soares, Auditório Municipal e Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Porto, 1994-2000.
José Manuel Soares nasceu no Porto, em 1953. Filho de uma arquiteta, Maria Júlia Gaspar Teixeira, chegado que foi o momento de optar por uma formação, acabou por eleger a Arquitetura em detrimento de um outro interesse, o da Medicina. Perdeu-se um médico, ganhou-se um arquiteto. José Manuel Soares frequentou a Escola Superior de Belas Artes do Porto, entre 1971 e 1977, e aí lhe foi proporcionada a possibilidade de participar, ainda estudante, nas equipas do SAAL para os bairros do Leal e da Arrábida. Colaborou com vários arquitetos entre 1978 e 2002, nomeadamente com Álvaro Siza e Henrique Carvalho, mas desde 1995 estabeleceu o seu próprio atelier. Por lá passaram colaboradores como Pedro Martins, João Pedro Carneiro, Julião da Eira, entre outros, ou o engenheiro civil João Soares, seu irmão e sócio.
Do muito que projetou e construiu com a sua equipa, nos campos da Arquitectura e Urbanismo, tanto em Portugal como no estrangeiro, das moradias aos grandes equipamentos públicos, destaca-se a constante procura de uma linha de continuidade entre o construído e a leitura da sua envolvente, o respeito pela memória dos lugares, a flexibilidade dos projetos, a expressividade das volumetrias onde, seguindo uma abordagem plástica e formal contemporânea, nunca comprometeu a qualidade da essência material e arquitetónica do edificado. Entre as obras mais conhecidas refira-se, só na cidade do Porto, o Planetário e Centro de Astrofísica do Porto (1995-98), a Biblioteca Almeida Garrett e a Galeria Municipal (1994-2000), o novo edifício para o ICBAS/FFUP (2003-14), as novas instalações da EGP – Porto Business School (2011-13), ou a mais recente requalificação do emblemático edifício da Faculdade de Economia da UP, de Viana de Lima (2019); mas também as escolas secundárias de Santa Maria da Feira, Estarreja e da Gafanha da Nazaré (2009-12), para a Parque Escolar; o Instituto do Design da Universidade do Minho, em Guimarães (2010-11); a requalificação do centro histórico e do Parque Municipal de Arouca (2010-13); ou a reabilitação e reconversão do antigo Mercado do Peixe de Vila Franca do Campo, na ilha de S. Miguel, nos Açores (2013).
Desde cedo exerceu também a atividade docente, experiência que considera estruturante na sua vida e na construção do seu próprio pensamento perante a disciplina: na prática do projeto, "ser professor" foi sempre o prolongamento do "ser arquiteto", e vice-versa. Entre 1980 e 1981, como Assistente na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Angola; em 1984, de regresso a Portugal, na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde defendeu o seu Doutoramento em 2013, com a tese A contribuição do Desenho na procura do essencial, e aí lecionou até 2021. Este foi também um seu espaço de gratificante realização.
O acervo profissional do arquiteto José Manuel Soares passou a fazer parte do Arquivo desta instituição em 2024. A doação contempla a memória documental de processos de projeto (peças desenhadas, escritas, maquetes e fotografias provenientes do atelier), assim como um significativo núcleo bibliográfico. Trata-se de um importante conjunto documental, não só pelo trabalho projetual que testemunha, como pelas possibilidades de cruzamento que permitirá vir a estabelecer com acervos de outros arquitetos da sua geração e que igualmente pertencem ao Centro de Documentação da Fundação.