Sistema de Informação Carlos Carvalho Dias
Bóbeda, Chaves, Solar do Sr. Pinto, átrio - escadas para o salão
Carlos Alberto Carvalho Dias (1929-2024) foi um dos protagonistas do Inquérito à Arquitetura Regional em Portugal, enquanto membro da equipa responsável pelo mapeamento da Zona 2, Trás-os-Montes e Alto Douro, chefiada por Octávio Lixa Filgueiras e da qual fazia ainda parte Arnaldo Araújo. O levantamento sistemático desse território, cuidadosamente documentado em anotações, desenhos, imagens e depoimentos que Carlos Carvalho Dias reuniu e organizou, decorreu entre 1955 e 1956. São registos de uma paisagem em transformação e do que veio a ser publicado em 1961, relativo a esta região do País, na obra Arquitectura Popular em Portugal. A sua colaboração neste estudo pioneiro e ainda hoje determinante para o entendimento da Arquitetura Portuguesa viria ainda a ser revisitada em Memórias de Trás-os-Montes e Alto-Douro: nos 55 anos do "Inquérito à Arquitectura Regional Portuguesa", livro que Carlos Carvalho Dias publicou em 2010, passado mais de meio século sobre a realização do Inquérito.
É essa documentação original, onde para além da relevância dos dados recolhidos, acresce destacar a leitura da metodologia seguida no trabalho de campo, que Carlos Carvalho Dias doou, em 2018, à Fundação Marques da Silva, acompanhada das maquetas de trabalho para composição gráfica e impressão do livro de sua autoria.
Em outubro de 2020, tomou a decisão de doar a esta instituição a sua biblioteca e acervo profissionais. Um importante conjunto documental onde não só se encontram registos relativos aos seus múltiplos domínios de ação, seja enquanto arquiteto, urbanista e patrimonialista; como se estabelecem diálogos com a obra de outros arquitetos já representados na Fundação Marques da Silva, do já citado Octávio Lixa Filgueiras, a Fernando Távora e Manuel Marques de Aguiar. Exerceu uma longa e continuada carreira de arquiteto liberal entre 1954 e 2008. Da obra projetada destaca-se, no Porto, o Lycée Français International, em coautoria com Luiz Cunha e Manuel Marques de Aguiar (1963) e, em Braga, o Bairro de Creixomil, o Bairro de Atouguia (em coautoria com Pedro Ramalho) e o Bairro de S. Gonçalo, durante a década de 70.
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Carlos Carvalho Dias, nascido em Viana do Castelo em 1929, obteve a sua Licenciatura em Arquitetura na E.S.B.A.P., em 1957, com a classificação de 19 valores. Foi membro honorário da “Ordem dos Arquitectos”, da “Associação dos Urbanistas Portugueses” e da “Associación Española de Tecnicos Urbanistas”. Foi fundador da “Associação Internacional de Urbanistas” e seu Vice-Presidente no triénio 1982/1984. Foi também fundador da “Associação dos Urbanistas Portugueses”, tendo exercido vários cargos directivos.
Em 1955, ainda Arquitecto Estagiário, foi selecionado para integrar a equipa que trabalharia em Trás-os-Montes e Alto Douro.
Em 1973 foi convidado, pelos Profs. Percy Johnson-Marshall, da Universidade de Edimburgo e Manuel da Costa Lobo, do Instituto Superior Técnico, para coordenar, no Porto, a equipa que elaboraria o “Plano da Região do Porto”, o qual foi concluído e oficialmente apesentado em 1975. Foi convidado pelo Prof. Joaquim Pinto Machado, nomeado Governador de Macau, para integrar o seu Governo com a pasta do Equipamento Social. Exerceu em Macau intensa actividade ligada ao seu departamento, como, por exemplo, a localização e construção do aeroporto, a criação do “Museu da Marinha” e do “Laboratório de Engenharia Civil de Macau”, assim como a conclusão do Plano de Urbanização do Território e a apresentação da candidatura de Macau a Património Cultural Mundial.
Entre 1989 e 1997 foi Consultor da “Fundação Oriente” para a área do Património.
Foi “Professor Auxiliar Convidado” da “Universidade Lusíada” entre 1989 e 2007, tendo regido disciplinas como “Urbanismo”, “Recuperação” e “Planeamento Urbano”.
Entre 1954 e 2008 exerceu ininterruptamente a atividade de profissional liberal.
Faleceu no Porto, a 27 de junho de 2024.
Entrevistas:
Archivoz Magazine (7 setembro 2020): "Toda a nossa actividade se faz para o ser humano, que deve ser a nossa preocupação fundamental" Entrevista a Carlos Carvalho Dias", por Alexandra Saraiva