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Sistema de Informação Fernando Lanhas

 


Fernando Lanhas, Monte de Santa Justa, Serra de Valongo, [década de 90]. Fotografia de Pedro Lanhas.


"Sonhei que sabia tudo, que alcançara o conhecimento das coisas, da razão de ser."

Fernando Lanhas, 13-14 de novembro de 1973

 

Fernando Resende da Silva Magalhães Lanhas (1923-2012) é uma figura poliédrica. Senhor de uma personalidade invulgar e de uma inquietação permanente, transformou a vontade de entender os mistérios da arte e da vida e o seu forte sentido de abstração em condição, em instrumento potenciador de conhecimento e da ação a exercer sobre o real e o concreto. Arquiteto de formação, exerceu uma intensa atividade artística, particularmente reconhecida na área da pintura e do desenho, mas deixou uma extensa obra que reflete a multiplicidade de domínios e de interesses em que desde sempre se moveu. Numa incessante procura de compreensão do mundo e das forças que regem o Universo, da micro à macro escala, entre a Ciência e a Arte, percorreu, para além da arquitetura e das artes plásticas, áreas disciplinares tão díspares quanto a arqueologia, a astronomia, a museologia, a etnologia ou a botânica. A poesia e o registo dos sonhos, também presentes nesta constelação, representaram, por sua vez, vias de evasão para uma dimensão onírica moldada ao sabor da sua imaginação. Foi também um colecionador inveterado, desmultiplicando a sua atenção por objetos tão diversos quanto fósseis, seixos, areias de diversas partes do mundo, rochas, brinquedos ou rótulos.

 

Arquiteto moderno e portuense, Fernando Lanhas desenvolveu, ao longo de aproximadamente cinco décadas (40-90), uma obra arquitetónica que sintetiza de forma singular os valores da sua época, ainda que aculturados e ajustados aos lugares onde se inscreve e às circunstâncias que a ditam. Tendo frequentado a Escola de Belas Artes do Porto entre 1941 e 1947, obteve o Diploma de Arquiteto com um projeto para um Museu, em 1963. Porém, a atividade disciplinar inicia-se ainda em finais da década de 40, desde logo com Fernando Távora, seu colega e com quem colabora em projetos como a casa da Rua do Vilar (1946), uma creche para Tomar (1947), a casa para Bernardo Ferrão (1950) ou o Mercado da Feira (1954). Integra também a Organização dos Arquitetos Modernos (ODAM), sendo, com um projeto para uma habitação no Porto, um dos 21 arquitetos representados na Exposição de Arquitetura de 1951 (Ateneu Comercial do Porto) e de 1952 (Aveiro). Múliplos projetos pontuam um trajeto discreto, mas de intrínseca qualidade, onde constam moradias, incluindo a sua própria habitação, blocos residenciais e edifícios públicos, que acompanham e ajudam a dar forma à expansão da cidade do Porto, em particular entre os anos 60 e 70 do século XX, bem como o estudo de e para museus - sinal visível da crescente importância desta esfera de interesse pessoal, bem expresso nas décadas de 70 e 80. Uma arquitetura onde o humano informa e conforma e que denota consciência urbana e a busca de um justo equilíbrio entre a vida corrente, convencional, e as possibilidades de renovação ditadas pelo tempo em que decorre. 

 

O acervo profissional de Fernando Lanhas, doado à Fundação Marques da Silva, é constituído pela memória documental de cerca de centena e meia de projetos de arquitetura, pelos painéis realizados para obtenção do diploma de arquiteto, por aproximadamente duas centenas de livros e periódicos, bem como por dossiês diversos relativos a temas tão distintos quanto museologia, arqueologia, astronomia, etnografia, património, recortes de imprensa e registos soltos. O processo de acolhimento iniciou-se em 2018, associado à programação de uma série de iniciativas coordenadas pelos Professores Luís Viegas e Rui Américo Cardoso, nomeadamente Diálogos com Fernando Lanhas, e a exposição e-Nunciar Fernando Lanhas: Tópicos Desenhados, em cuja sessão inaugural decorreu a cerimónia de assinatura do Protocolo de Doação.

 

Com a integração deste acervo, passará a ser possível investigar de forma sistemática e abrangente esta dimensão menos estudada de Fernando Lanhas, e, acedendo a informação até agora inédita, traçar a forma distintiva de fazer arquitetura deste entusiasta do aprender, do reconhecer e do dar a ver.

 

O acervo, apesar de disponível para consulta presencial, encontra-se ainda em fase de tratamento técnico, mas já é possível aceder ao Arquivo Digital da FIMS. Em breve estará publicamente acessível no Arquivo Digital da FIMS e, para consulta da lista bibliográfica, na plataforma Aleph.

 

Apontamento biográfico
Consultar: lista provisória de obras e Arquivo Digital

 

Ações em torno da sua obra
(da Fundação Marques da Silva ou de outras entidades)
Exposições:

- E-Nunciar Fernando Lanhas: Tópicos Desenhados | 2019 - Fundação Marques da Silva
- Lanhaslândia | 2020 - Quadrado Azul
- Fernando Lanhas no Território de Valongo | 2023 - Bienal Ardósia de Valongo
- Fernando Lanhas: Centenário | 2023 - Quadrado Azul
- Fernando Lanhas: O Homem é Fenómeno Magistral | 2023/24 - Serralves / 2024 - MACNA, Chaves
- Fernando Lanhas: sabe o que não sabes | 2023/24 - Centro de Artes Visuais de Coimbra
- Restauro do painel de azulejos sobre o Túnel da Ribeira | 2024 - Porto
 

Encontros:
- Diálogos com Fernando Lanhas | DIM 2018 - Fundação Marques da Silva
- O Palácio de São João Novo - O Museu de Etnologia do Porto e Fernando Lanhas: Um Objeto e os seus Discursos | 2023
- The work of the portuguese architect Fernando Lanhas: Sustainability in Architecture | 2023 - Design Museum, Helsínquia
- Fernando Lanhas: quando a arquitetura se cruza com as outras artes, conversa com António Menéres e Isabel Rodrigues (Olhares Cuzados, MNSR, 31 de outubro de 2014)



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