A Fundação
Os Arquitectos
A Documentação
Património Edificado
Investigação
Edições
Conferências
Colóquios
Exposições
Cursos
Visitas Guiadas
Viagens Culturais
Outras iniciativas
Gravações vídeo
Podcasts
Newsletter
Contactos
Loja
Destaques
Recrutamento
Carrinho de Compras
Arquivo digital
Catálogo bibliográfico
facebook
X
Instagram

Sistema de Informação Manuel Marques de Aguiar


Manuel Marques de Aguiar, Porto de Leixões, 1970.
 

A 7 de maio de de 2019, a família de Manuel Marques de Aguiar formalizou a doação do acervo profissional deste arquiteto à Fundação Marques da Silva. Trata-se de um conjunto documental constituído por cerca de 4000 peças desenhadas, 10 ml de peças escritas, 5ml de livros, 1 maqueta, um expressivo número de registos fotográficos e centenas de reproduções digitais de esquissos (desenho livre) que se estendem da década de 50, um tempo de formação, até ao final dos anos 90 do século XX, altura em que conclui o seu percurso profissional. Registos que abarcam diferentes geografias e dimensões de atuação: como estudante de arquitetura, como arquiteto, como urbanista, como artista e homem atento à vida.

 

"Manuel Álvaro Madureira Marques de Aguiar (1927-2015) diplomou-se em urbanismo pelo Institut d´Urbanisme de Paris (1954: três bien) e em arquitetura pela Escola de Belas Artes do Porto (1955: 20 valores).

Dos anos de formação destaca-se a continuidade do desenho (desde as aulas da Escola de Desenho Industrial Faria de Guimarães, no Bonfim, em 1937), o papel de Carlos Ramos no ensino da arquitectura das Belas Artes, e finalmente, dos anos no Institut d’Urbanisme de Paris (1950/51 e 1951/52) o alargamento a matérias de dimensão humanista e de rigor científico com Max Sorre, Jean Royer, Robert Auzelle, Pierre Lavedan e Gaston Bardet.
Marques de Aguiar desenvolve a tese final do curso de urbanismo sob a orientação de Robert Auzelle Réconstruction à Long Terme : étude d’un vieux quartier de Porto. Propositions de réaménagement. Examen Critique et méthode. Por esta altura promove, com Carlos Ramos, a vinda de Auzelle para o curso de Verão nas Belas Artes, em 1955 e, junto do presidente da Câmara J. Machado Vaz, a sua contratação para “resolver o problema das ilhas”.

A partir de 1956, Marques de Aguiar integra os Serviços de Urbanização como urbanista da região norte e, entre 1962 e 1996, assume o lugar de consultor de urbanismo da Câmara Municipal de Espinho. Mas, ao longo do seu percurso profissional, mantém o trabalho de arquitectura (escritório situado no Porto: inicialmente na praça do Município, posteriormente na rua Sá da Bandeira, Gonçalo Cristóvão e, por fim, no Foco).

É na Direcção Geral de Ordenamento do território (nos ‘Serviços de Urbanização’) que desenvolve com Ilídio Alves de Araújo estratégias de ordenamento para a região Norte através da assessoria junto dos decisores políticos e de argumentação técnica junto de autores de estudos e planos. Nestes procedimentos, destaca-se o Relatório de Viagem pedido por Sá e Melo em 1965, com indicações precisas relativas ao controle especulativo das políticas de habitação, a  batalha – ganha – para o redesenho da estrada de Bom Jesus em Braga e a batalha – perdida - pela não localização da Sacor em Leça da Palmeira. Este trabalho de 3 décadas culmina na coordenação da equipa da Direcção Geral de Ordenamento do Plano de reconstrução de Angra do Heroísmo, com a autoria dos 3 planos de pormenor (“Plano de Pormenor da Carreirinha" , fase 1 e 2, e “Plano de Pormenor da Silveira-Fanal" e ” Plano de Pormenor  do Desterro-Guarita", 1982).

Também o trabalho como urbanista consultor na Câmara de Espinho alcança visibilidade: aproximadamente 4.000 pareceres e 80 planos desenvolvidos pelas sucessivas equipas camarárias em articulação com o Anteplano de Urbanização (1967) que vai sendo progressivamente ajustado. É através dos projectos dos principais projectos de desenho urbano de Marques de Aguiar que Espinho constrói uma identidade de cidade”: as esplanadas (1965 – 1996) e o "pavilhão" de chá (1965), a rua 19 (1989) e a praça de José de Salvador (1989).

Nos projectos e obras de arquitectura identifica-se a procura de uma forte integração urbana recriando espaços de vivências de encontro: é o caso da galeria do prédio de Gonçalo Cristóvão e do gaveto com a rua do Bonjardim (Edifícios “Figueiredo” e ”Lar Familiar”, 1957-1968), das escolas Francesa (1959) e de Montalegre (1965), do Mercado de Montalegre (1964). Nos projectos de arquitectura e obras de menor dimensão como na casa redonda nas Carvalhas, nas propostas para o equipamento turístico das Caldas de Aregos, mas também nas peças de arquitectura religiosa como ambão, sacrário e a a campa de D. António Ferreira Gomes, destaca-se uma componente experimental – essencialmente “moderna” – e uma componente de relação com o lugar ou mesmo com a tradição.

Agregando à dimensão profissional, a de cidadão, Marques de Aguiar contribui de forma continuada para o desenvolvimento de Nevogilde e luta, juntamente com Luís Botelho Dias e Diogo Alpendurada, pela não densificação da marginal e pela ligação do parque da cidade ao mar.

O espólio profissional doado à Fundação Marques da Silva refere-se à formação e ao trabalho desenvolvido no âmbito do “escritório”, ou seja, como profissional liberal. Nesse sentido, ilustra a formação no IUP e é representativo do trabalho de arquitectura e dos projectos de desenho urbano em Espinho. Apesar de não compreender documentação relativa à passagem pelos Serviços de Urbanização, inclui apontamentos dos trabalhos desenvolvidos para esta instituição, presentes sobretudo em numerosos registos fotográficos, e cuja consulta será sempre um importante complemento à informação dos arquivos onde se encontra os processos institucionais.


O conjunto da obra projetual de Marques de Aguiar é ainda enriquecido pela inclusão de reproduções digitais de desenhos à mão levantada, pelo arquivo fotográfico (registos de processos de obras e viagens), assim como documentos raros do seu tempo de formação académica, caso dos exercícios do IUP (“enunciados e projectos”), livros apontados e sublinhados, ou de revistas como L´Art Sacré e a Sinkentiku."

*nota biográfica de Marta Marques de Aguiar

 

Mais info: Arquivo Digital FIMS

 

Iniciativas em torno deste acervo:
DIMS 2021: Escritos Escolhidos e desenho inédito da Escola Francesa do Porto
Exposição: O desenho da vida na obra de Manuel Marques de Aguiar
Experiência imersiva nos jardins: A vida dos desenhos

Fontes externas para mais informação sobre Manuel Marques Aguiar:
Manuel Marques de Aguiar: Arquitecto e Urbanista [1927-2015]

 

 

 

 



© fundação instituto arquitecto josé marques da silva / uporto / design: studio andrew howard / programação: webprodz